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Ouvidoria da Polícia de SP cobra investigação rápida sobre execução de ex-delegado e sem 'operações açodadas' para evitar mortes de inocentes

Ouvidoria da Polícia de SP cobra investigação rápida sobre execução de ex-delegado e sem 'operações açodadas' para evitar mortes de inocentes


O delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes.
Reprodução/TV Globo
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo chamou nesta terça-feira (16) o assassinato de ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes de “ato brutal” cobrou uma investigação rápida para garantir a punição imediata dos culpados e sem “operações açodadas” para evitar mortes de inocentes.
O órgão se solidarizou com os familiares e amigos do ex-delegado e manifestou “solidariedade aos companheiros de trabalho do policial, que teve uma trajetória notabilizada pelo combate ao crime organizado, em suas diversas modalidades”.
Em nota divulgada, a Ouvidoria argumentou que houve “uso excessivo da força policial, como registrado em operações de funestos resultados naquela região do estado, denominadas Escudo e Verão”. As operações da Polícia Militar deixaram 84 mortos na Baixada Santista.
“A Polícia Civil de nosso estado possui instrumentos de inteligência e comprovada experiência em diligências semelhantes, para dar uma resposta pronta e evitar operações açodadas que inflacionem e dilatem o desrespeito aos direitos fundamentais das pessoas e terminem por ampliar o quadro de vítimas inocentes em nossa recente e triste história naquele território”, diz trecho da nota da Ouvidoria.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que trabalha para que os criminosos “sejam exemplarmente punidos pela Justiça, com todo o rigor da lei”.
Ruy Ferraz Fontes tinha 68 anos e foi assassinado a tiros na tarde da segunda em Praia Grande.
O governador determinou mobilização total da polícia, com a criação de uma força-tarefa para identificar os assassinos.
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A força-tarefa, segundo Tarcísio, envolverá o Deic e o DHPP, principalmente. Ambos os departamentos contam com policiais que têm muitos informantes no crime organizado e que podem ajudar a elucidar a execução de Ruy.
O ex-delegado-geral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado.
A investigação tem duas suspeitas principais para a motivação do crime:
Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC
Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos em um carro perseguem o veículo da vítima, que bate em um ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy (veja vídeo nesta reportagem).
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP
“Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]”, disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à facção e seus chefes, no início dos anos 2000, com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente, Christino é procurador de Justiça.
Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro “Laços de sangue: A história secreta do PCC”, que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial.
O ex-delegado-geral comandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB. Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
O que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes em SP
Carro suspeito de ter sido usado no atentado contra delegado é encontrado incendiado
Criminosos atiraram mais de 20 vezes em atentado contra delegado
Veja o passo a passo da execução do delegado
Ruy Ferraz Fontes foi assaltado com arma na cabeça um ano antes de execução
“[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo. É uma ação extremamente ousada”, disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Formado em direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000. Quando esteva no Deic, participou das prisões de alguns dos chefes da facção, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados ao grupo criminoso.
Ex-delegado-geral de SP é assassinado no litoral de SP
Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital.
Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção, já foram ameaçadas antes pelo PCC. “Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006.”
Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública devido à decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado.
Indagado se Ruy lhe contou se estava recebendo ameaças recentemente, Christino respondeu que “não”.
Infográfico – Dr. Ruy Ferraz é morto a tiros em praia Grande
Arte/g1
Fonte Oficial

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