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Suspeito de matar ex-delegado já passou por ala de presídio ligada ao PCC, diz promotor

Suspeito de matar ex-delegado já passou por ala de presídio ligada ao PCC, diz promotor


Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos
Um dos suspeitos de envolvimento na morte do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, já passou por uma ala de presídio controlada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público.
O suspeito tem 33 anos, passou pelo batizado do PCC e pelo Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Dr. Rubens Aleixo Sendin, em Mongaguá, no litoral de São Paulo. O Palácio dos Bandeirantes acredita que o ex-delegado estava investigando contratos da Prefeitura de Grande, o que causou desconforto nessas pessoas identificadas.
Apesar disso, o promotor afirmou ser prematuro dizer que o crime foi cometido pelo PCC. Ruy Ferraz Fontes foi assassinado nesta segunda-feira (15), em Praia Grande, litoral de São Paulo.
A identificação do suspeito foi anunciada nesta terça-feira (16) pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, durante o velório do corpo de Ruy na Assembleia Legislativa (Alesp). A polícia pediu a prisão temporária de dois suspeitos.
Gakiya, que lidera investigações sobre o PCC em São Paulo, contou que conversou pela última vez com Ruy em maio, durante a operação Fim da Linha — que apurou a atuação do crime organizado no sistema de transporte público da capital. “Ele disse que estava presenciando isso também na Baixada Santista, estava temeroso de entrar esse tipo de influência em Praia Grande”, afirmou.
O promotor também revelou que já havia alertado Ruy várias vezes sobre planos de morte contra ele, identificados em interceptações feitas no sistema penitenciário. “Isso vinha desde 2006. Em 2010, em uma investigação nossa, apareceu um plano para matá-lo. Eu fui o responsável por comunicar a Rota na época, e dois indivíduos foram presos na porta do 69º DP, onde o doutor Ruy atuava. Esse plano foi desmobilizado e evitamos a morte dele”, disse.
Segundo Derrite, os criminosos não conseguiram atear fogo em um segundo veículo utilizado no crime, um Renegade, e a Polícia Técnico-Científica conseguiu coletar material para identificação dos envolvidos. Os homens foram identificados por meio de impressões digitais.
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Investigação
Há pelo menos duas linhas de investigação sobre a morte do delegado Ruy.
Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC
Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.
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Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros em Praia Grande, SP
Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
O governador Tarcísio de Freitas determinou mobilização total da polícia. “Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, afirmou o governador.
A SSP-SP criou uma força-tarefa integrada das polícias Civil e Militar. Ambos os departamentos contam com policiais que têm muitos informantes no crime organizado e que podem ajudar a elucidar a execução de Ruy.
Quem era Ruy Ferraz Fontes
O ex-delegado-geral atuou há mais de 20 anos na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado.
O que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes em SP
Criminosos atiraram mais de 20 vezes em atentado contra delegado
Câmeras de segurança gravaram o momento em que criminosos em um carro perseguem o veículo da vítima, que bate em um ônibus. Em seguida, o grupo desembarca do automóvel e atira em Ruy (veja vídeo nesta reportagem).
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP
“Estou em choque, fui o último a falar com ele [por telefone]”, disse ao g1 Marcio Christino, ex-promotor que atuou no combate à facção e seus chefes, no início dos anos 2000, com Ruy, que à época era delegado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista. Atualmente, Christino é procurador de Justiça.
Christino chegou a mencionar a atuação de Ruy como delegado contra o Primeiro Comando da Capital no livro “Laços de sangue: A história secreta do PCC”, que escreveu com o jornalista Claudio Tognolli. Foram mais de 40 anos como policial.
O ex-delegado-geral comandou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, quando foi indicado pelo então governador João Doria, à época no PSDB.
Ele também atuou no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc) e no Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
“[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira. Isso mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado, a falta de controle que o crime organizado tem dentro do Brasil, dentro do estado de São Paulo. É uma ação extremamente ousada”, disse Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Ruy se tornou delegado depois e começou a investigar o PCC no início dos anos 2000.
Quando esteve no Deic, participou das prisões de alguns dos chefes da facção, incluindo Marcola, por tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes relacionados ao grupo criminoso.
Em 2006, ele e sua equipe de policiais indiciaram Marcola e a cúpula do Primeiro Comando da Capital.
Segundo Christino, ele, Ruy e todas as autoridades, sejam elas do MP ou da polícia que atuaram no combate à facção, já foram ameaçadas antes pelo PCC. “Ele [Ruy], eu e todos que trabalharam naqueles casos, inclusive nos ataques de 2006.”
Em 2006, ordens do PCC de dentro das cadeias determinaram uma série de ataques contra agentes de segurança pública devido à decisão do governo paulista de transferir as lideranças da facção, incluindo Marcola, para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do estado.
Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado
Arte/g1
Fonte Oficial

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