Brasileiro nada mais de 18h durante travessia de 42 km no mar em Portugal: 'mais difícil do que imaginava'
Brasileiro nada mais de 18h durante travessia de 42 km no mar em Portugal
O brasileiro Leandro da Silva Cruz, de 42 anos, entrou para a história ao completar uma das travessias mais desafiadoras da Europa: os 42 km entre a Ilha de Porto Santo e o arquipélago da Madeira, em Portugal. Foram mais de 18 horas ininterruptas de natação em mar aberto. Ao g1, ele contou que passou 14 meses se preparando para o desafio.
“O objetivo era mostrar para as pessoas que nós somos capazes de tudo. Mesmo eu não sendo atleta, não sendo um nadador, eu me desafiei e me preparei para isso. É para mostrar para as pessoas que podemos fazer aquilo que a gente quer”, afirmou Leandro ao g1.
Nascido em Guarujá, no litoral de São Paulo, Leandro foi criado em uma família de caiçaras e aprendeu a nadar sozinho. Há quatro anos, ele deixou a carreira de enfermeiro no Brasil e se mudou para Portugal em busca de novas oportunidades, mas ainda visita a Baixada Santista anualmente para celebrar o aniversário dele e do filho.
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Ao g1, o homem contou que a ideia de fazer a travessia surgiu após completar outra de 30 km, em 2023. “Queria um desafio maior”, disse Leandro, que ficou ainda mais motivado ao ouvir que a última vez que o desafio de 42 km havia sido cumprido sem roupa térmica foi em 2019, pela ultramaratonista brasileira Mayra Santos.
“Eu decidi me desafiar solo, sem roupa de neoprene, tornando ainda mais difícil um desafio extremamente difícil. […] Eu achei que 12 quilômetros [a mais] não seria tanta dificuldade assim, mas a travessia realmente é muito dura, muito difícil. Por isso que ela é uma das mais difíceis da Europa, por isso que poucas pessoas tentam. Foi muito mais difícil do que eu imaginava”, relembrou.
Leandro da Silva Cruz, de 42 anos, superou os próprios limites ao atravessar de Porto Santo a Madeira, em Portugal
Mayra Santos/Swimmadeira
Desafio
Leandro contou que precisou investir mais de 5 mil euros (cerca de R$ 31.900) para realizar o desafio, já que são necessários treinos exclusivos e suporte durante todo o trajeto. Para viabilizar a travessia, ele organizou rifas, fez arrecadação virtual e contou com apoio de patrocinadores.
O guarujaense começou a prova na manhã do dia 6 de setembro e completou pouco depois da meia-noite do dia 7. “A chegada foi muito emocionante porque foi muito duro o final. O final todo foi contra a correnteza”, relatou.
Leandro da Silva Cruz, de 42 anos, entrou para a história ao completar a travessia de 42 km entre Porto Santo e a Ilha da Madeira, em Portugal.
Reprodução/Swimmadeira
Ao g1, Leandro contou que o maior prêmio do desafio foi o noivado. Ele pediu a companheira em casamento logo após completar a travessia. “Uma das minhas forças [para finalizar o desafio] era isso: realizar esse grande feito para pedir a minha namorada em noivado”, disse o homem.
Além disso, ele recebeu um troféu artesanal feito pela empresa contratada para dar suporte ao desafio, a Swimmadeira, fundada pela brasileira Mayra Santos.
Apoio
Durante a travessia, Leandro contou com suporte de um barco da empresa Swimmadeira com cinco integrantes: a noiva dele, dois comandantes da embarcação, um diretor de prova e a ultramaratonista Mayra Santos, que ficou responsável por contar as braçadas e evitar intercorrências com o nadador.
Ao g1, Leandro contou que parava de nadar a cada 40 minutos para se alimentar. “Cada atleta recebe (o alimento) conforme o seu gosto. Eu como geralmente (como) paçoca, pão com goiabada e recebo isotônico, cafeína”, afirmou.
Leandro da Silva Cruz, de 42 anos, nadou por mais de 18 horas seguida
Mayra Santos/Swimmadeira
No entanto, durante as paradas, ele não é autorizado a se apoiar ou segurar a embarcação, nem encostar os pés no chão. “São paradas movimentadas, mas eu paro a cada 40 minutos, onde eu recebo instruções orientações, se o ritmo caiu, se o ritmo aumentou”, explicou.
Obstáculos
Para Leandro, o cansaço físico foi extremo, principalmente porque a boca ficou lesionada. “A boca vem muito, muito machucada, porque a água salgada vai entrando na boca e vai lesionando. Até hoje, só estou comendo batido, estou comendo sopa”, afirmou.
Apesar disso, o maior obstáculo citado pelo nadador foi o psicológico. “A maior dificuldade é lidar com os pensamentos negativos, conseguir administrar os pensamentos, pôr a cabeça no lugar, porque começa a vir [na mente] que você não está saindo do lugar, que não está nadando, começam a vir as dores nos braços, muitas dores no ombro”, relembrou.
No entanto, cada esforço valeu a pena para Leandro. “O sentimento é de que nós podemos tudo aquilo que nós nos propomos a fazer, que nós, seres humanos, colocamos limite nos nossos sonhos, e não existe limite para o sonho”, finalizou o nadador.
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