Saiba quem é a vice-prefeita denunciada por contratar mãe de santo com verba pública
Vice-prefeita de Ribeira (SP) foi denunciada pelo MP por suposto repasse de R$ 41 mil para ‘casamento espiritual’
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Juliana Maria Teixeira da Costa, a vice-prefeita de Ribeira (SP) denunciada por usar verba pública para contratar uma mãe de santo com o objetivo de realizar um ritual de amarração amorosa, tem 42 anos, é formada em Assistência Social e lidera a Secretaria Municipal de Saúde desde 2020.
Juliana foi denunciada pelo Ministério Público (MP-SP) por associação criminosa e peculato (crime contra a administração pública). Além dela, também foram denunciados o coordenador municipal de Saúde e técnico de enfermagem, Lauro Olegário da Silva Filho, e Willian Felipe da Silva, proprietário da empresa W.F. Da Silva Treinamentos, contratada pela prefeitura para prestar serviços.
Segundo a promotoria, a vice-prefeita teria desviado R$ 41,2 mil dos cofres públicos para pagar uma suposta amarração amorosa, com intuito de afastar Lauro da esposa e estabelecer uma relação afetiva com ele. O repasse à mãe de santo foi realizado por meio da empresa W.F. Desta forma, a Justiça determinou a suspensão dos contratos de pregões sob suspeita de fraude.
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Conforme apurado pelo g1, Juliana nasceu em 3 de fevereiro de 1983, em Jaguariaíva (PR). Ela é divorciada, formada em Assistência Social e tem dois filhos. No ano passado, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 45.402,87.
Apesar de ter nascido no Paraná, a influência da família de Juliana sempre foi no Vale do Ribeira. Nas redes sociais, a mulher compartilhou que entrou na política inspirada no pai, que também foi secretário de saúde e vice-prefeito de Itapirapuã Paulista.
Filiada ao partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Juliana foi a primeira mulher a ser eleita vice-prefeita de Ribeira (SP). Ela integrou a chapa ‘Avante Ribeira’, do prefeito Ari do Carmos Santos (PSD), que era candidato à reeleição e venceu com 45% dos votos válidos.
No primeiro governo de Ari, entre 2020 e 2024, Juliana foi secretária de Saúde e chefe de Gabinete.
Juliana Maria Teixeira da Costa se inspirou no pai para entrar na política
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Suspensão e proibições
A Justiça acolheu o pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e determinou a suspensão dos contratos de pregões sob suspeita de fraude entre a Prefeitura de Ribeira (SP) e a empresa W.F. Da Silva Treinamentos Ltda., de propriedade de William Felipe da Silva.
Além disso, a decisão da Justiça de Apiaí, de 1º de agosto e obtida pela equipe de reportagem, também proibiu a Prefeitura de Ribeira de firmar novos acordos com a W.F. Da Silva Treinamentos Ltda., até que haja uma determinação judicial em sentido contrário.
Juliana Maria Teixeira da Costa, vice-prefeita de Ribeira (SP), foi denunciada por usar R$ 41,2 mil de verba pública para pagar ‘casamento espiritual’
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O advogado Yuri Amaral Nazareth, representante de William, afirmou que o cliente demonstrou compromisso com a verdade ao comparecer à promotoria. Quanto aos vínculos com Juliana e Lauro, ressaltou que se tratam de relações profissionais comuns ao funcionamento de qualquer organização, não devendo, portanto, ser interpretadas como indícios de irregularidades.
“Quanto às alegações de desvio de recursos, é crucial enfatizar que William está comprometido em esclarecer essa situação completamente. A ausência de documentação mencionada pode ser atribuída a dificuldades circunstanciais, mas não necessariamente a intenções maliciosas”, disse.
O g1 procurou a Prefeitura de Ribeira, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem.
Entenda o caso
O promotor Renan Mendes Rodríguez, da Promotoria de Justiça da Comarca de Apiaí, ofereceu a denúncia contra o trio no dia 30 de julho. Na mesma ocasião, o Ministério Público de São Paulo solicitou à Justiça a fixação das seguintes medidas cautelares contra os envolvidos:
Proibição de acesso e frequência à prefeitura de Ribeira e à todas as secretarias, dependências e imóveis;
Proibição de contato com todas as testemunhas arroladas na denúncia, bem como com servidores da área da saúde e dos departamentos de compras, licitação e contratos, contabilidade e tesouraria;
Proibição de se mudar de endereço e de se ausentar da comarca de residência por mais de 7 dias sem prévia comunicação;
Suspensão do exercício de funções públicas, inclusive daquelas atualmente exercidas pelos denunciados, com afastamento imediato de Juliana dos cargos de vice-prefeita e secretária municipal de Saúde e de Lauro dos cargos de coordenador da saúde e técnico de enfermagem.
Denúncia
De acordo com o MP-SP, os denunciados teriam se associado para praticar crimes contra a administração pública, fraudando dois pregões com o objetivo de direcionar os contratos à empresa W.F., de propriedade de William Felipe da Silva.
A denúncia aponta que Juliana, vice-prefeita, e Lauro participaram da prorrogação dos contratos oriundos dessas licitações fraudulentas, favorecendo diretamente a empresa contratada.
Após Juliana assumir também o cargo de secretária de Saúde, Lauro passou a receber pagamentos do município por meio de dispensas de licitação, acumulando irregularidades, segundo o MP-SP.
Casamento espiritual
Segundo o MP-SP, William e a vice-prefeita Juliana teriam utilizado uma nota fiscal falsa para desviar R$ 41,2 mil do Fundo Municipal de Saúde, alegando a prestação de serviços médicos em período sem atividades da Estratégia da Família. O pagamento foi feito pela prefeitura apenas 12 minutos após a emissão da nota, e os recursos foram transferidos a um terceiro sem ligação com a saúde.
A promotoria também investiga um suposto repasse do mesmo valor à chamada “Mentora Samantha”, revelado por prints publicados nas redes sociais e denunciado por um vereador.
Segundo a denúncia, Samantha confirmou ter sido contratada por Juliana para realizar um “casamento espiritual” com Lauro, com o objetivo de afastá-lo da atual esposa.
O MP-SP afirmou que o uso de recursos públicos para contratar uma mãe de santo configura crime de peculato: “O dinheiro do Fundo Municipal de Saúde deve ser destinado exclusivamente à saúde pública”.
Juliana e William foram denunciados por associação criminosa, fraude à licitação, uso de documento falso, falsidade ideológica e peculato. Lauro, por sua vez, responde por associação criminosa, fraude à licitação e concurso material.
Foi solicitada reparação dos danos no valor mínimo de R$ 41,2 mil, conforme o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal (CPP). A Prefeitura de Ribeira e a Mentora Samantha foram procuradas pelo g1, mas não responderam até a última atualização.
Sobre Ribeira
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Ribeira é o município com menor população do Vale do Ribeira, localizado no interior do estado de São Paulo. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, possui 3.132 habitantes, sendo a maioria residente na zona rural.
O acesso ao transporte público é limitado, o que impacta diretamente as rotinas e a economia local. A cidade faz divisa com Adrianópolis, no Paraná, por meio de uma ponte sobre o Rio Ribeira de Iguape.
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